A Vila____________________________________________________

A Cova da Piedade é uma das freguesias pertencentes à malha urbana da cidade de Almada.

As primeira referências à localidade datam da Idade Média, onde a desaparecida igreja de S. Simão era local de culto e veneração. Nesta região de quintas e beira-rio, a população dividia-se entre a prática da agricultura, pequenas unidades piscatórias, e ainda algumas actividades artesanais como tanoeiros, sapateiros, carpinteiros navais, entre outros. Era ainda terra de almocreves que ajudavam na descarga e transporte de mercadorias e produtos hortícolas de e para Cacilhas, beneficiando da proximidade da capital, Lisboa.

A reconstrução da Igreja em honra de Nossa Senhora da Piedade, em 1762, terá levado a uma dinamização do crescimento da povoação, então denominada Cova, pela situação morfológica de vale, e da Piedade, pela devoção mariana que os habitantes escolheram. Este edifício ainda hoje notável pelos belíssimos painéis de azulejos pombalinos e pela escultura magnífica da “Pietá”, foi ampliado na década de 1960, mantendo, todavia, a sua traça arquitectónica e decorativa.

A partir de 1880, a chegada do comboio ao Barreiro facilita o transporte de matérias-primas, promovendo o processo de industrialização da zona ribeirinha, onde se instalaram fábricas de transformação de cortiça, estaleiros de construção naval, um forno de cal e mais tanoarias. Por essa época encontramos no lugar da Romeira uma verdadeira “indústria” de lavagem de roupas. Havia homens que recolhiam, em Lisboa, na casa das freguesas certas, a roupa previamente marcada e atada em grossas trouxas de lençóis. E a transportavam até à Romeira onde as mulheres lavavam, enxaguavam e estendiam as peças que seriam de novo dobradas e levadas de volta até às suas proprietárias.

Ainda assim, a proximidade da vila em relação ao Tejo trouxe novas possibilidades, como as da construção Naval. Em 1928 outorgou-se o contrato para a construção do Arsenal do Alfeite, ao abrigo do regime das reparações de guerra alemãs, tendo as obras de construção sido concluídas em Dezembro de 1937. No ano seguinte entrou em laboração total, passando a ser considerado um dos maiores e melhor apetrechados estabelecimentos do género. Até ao final da década de 1930, a Cova da Piedade apresentou uma feição industrial plena, se bem que a crise da indústria corticeira e a dureza do regime tenham acentuado as clivagens político-sociais.

Em 1967, com a instalação dos estaleiros da Lisnave, na Margueira, aumentou muito a oferta de trabalho e a população da freguesia aumentou e prosperou, acentuando a importância da Construção naval na freguesia.

 Actualmente, e apesar do fecho e mudança de instalações da Lisnave para Setúbal, e consequente encerramento das fábricas que, indirectamente, contribuiam para as reparações navais, a Cova da Piedade está a rejuvenescer lentamente e a recuperar os tempos áureos do passado ainda que, por entre as ruas da vila, ainda se respire ares que transportam os visitantes para o passado.

in História da Freguesia, Junta de Freguesia da Cova da Piedade (com adaptações)